O metodismo mineiro é repleto de experiências missionárias marcadas pela hostilidade, assim como pela voluntariedade despojada de muitos de seus pregadores. A situação missionária que estava por se iniciar na cidade de Cataguases reservava surpresas semelhantes às de Ubá. Assim, nossa intenção é narrar de forma modesta a incursão do metodismo em Cataguases, informando o quão rude foi também a chegada do metodismo naquela cidade, relembrando uma experiência de Felippe R. de Carvalho.
A incursão do metodismo em Cataguases é admitida com a primeira visita do pastor Felippe R. de Carvalho à cidade, fato ocorrido aos 9 de fevereiro de 1894. No entanto, essa incursão do metodismo em Cataguases tem conexões com o metodismo de Ubá. Segundo José Carlos Barbosa, “a decisão de abrir trabalho metodista em Cataguases foi tomada na Conferência Distrital de Minas, realizada em Ubá entre os dias 11 a 13 de janeiro de 1894”, Coube ao presidente da Conferência, Rev. E. A. Tilly decidir sobre a ocupação imediata ou não do novo campo, assim como a designação de um pastor.
Conforme o histórico da igreja local – “O Cristianismo Metodista no Brasil” – elaborado pelo Rev. Epaminondas Moura, o qual enviou também itens do histórico da igreja local ao Expositor Cristão (1940),
“Felippe R. de Carvalho chegou pela primeira vez a Cataguases, levando algumas Bíblias para vender sem conhecer pessoa alguma, sem outra direção, a não ser a da providência divina. O sr. José Fernandes Sucasas trabalhava no seu ofício, como de costume; e morava no antigo prédio, onde hoje [1940] se acha o jardim da estação da Leopoldina. Certo dia (talvez 9 de fevereiro), ao olhar despreocupado para a rua viu passando pela calçada um moço magro, moreno, simpático, humilde, levando um amarrado de livros na mão; e, instintivamente, chamou o viajante, sem saber quem era e lhe perguntou":
– “Que livros são estes que o senhor leva aí?”
– “São Bíblias”, respondeu o desconhecido, notando que o alfaiate falava alto (o sr. Sucasas sempre teve o timbre de voz muito forte).
– “Bíblias? Para que anda o senhor com estes livros?” perguntou o sr. Sucasas.
– “Para vender!” Foi a resposta que ouviu do vendedor.
– “Quem é o senhor?”
– “Eu sou pastor da Igreja Metodista”, respondeu o desconhecido começando a dar o seu testemunho.
– “Mas que é que o senhor anda fazendo por aqui?”
– “Eu venho a esta cidade para ver se consigo com o auxílio de Deus abrir um trabalho evangélico”.
– “Como se chama o senhor?”
– “Felippe de Carvalho, seu criado”.
– Faça o favor de entrar, eu desejo muito comprar uma Bíblia em português, falou o sr. Sucasas, mostrando atenção.
– “Pois eu estou aqui para vendê-las” respondeu o jovem pastor, entrando e sentindo certo ânimo. Nisto o sr. Sucasas pegou em um dos seus livros e perguntou:
– “Quanto custa uma dessas?”
– “Apenas 1$500, pode abrir e examinar”.
– “Só 1$500,? Então dê-me duas! E aqui estão 3$000!”
Após alguns instantes de conversa, Felippe saiu da casa do sr. Sucasas ganhando as ruas de Cataguases, oferecendo e vendendo exemplares da Bíblia, nos mesmos moldes dos colportores-missionários Daniel Parish Kidder e Hugle Clarence Tucker. Não tardou e Felippe R. de Carvalho alugou uma sala, no intuito de instalar um ponto de referência (um ponto de pregação) para reunir os ouvintes do Evangelho. Narra-se que de fevereiro a maio de 1894, o rev. Felippe passou conversando com as pessoas da cidade, “visitando as famílias e vendendo livros”. Em seguida, resolveu buscar sua família que estava instalada, supõe-se, em Juiz de Fora ou Rio Novo.
É muito comentada a predileção de Felippe R. de Carvalho pela data de 13 de maio; é, portanto, em 13 de maio de 1894 que se inaugura o salão de cultos em Cataguases. No domingo seguinte (20 de maio de 1894), o salão foi invadido por um grupo de fiéis católicos, incitados, conforme as narrativas históricas do Rev. Epaminondas Moura, pelo monsenhor Araújo, vigário paroquial local. A turba agitada, composta por cerca de 50 pessoas, entrou no templo gritando – Fora o protestante, fora o protestante! – e então um dos agitadores “deu uma terrível chibatada no irmão Júlio Lopes”. Já houve quem defendesse que a chibatada foi dada em direção da esposa do Rev. Felippe, a qual estava em vésperas de dar a luz, e que o irmão Júlio Lopes entrou na frente no intuito de protegê-la da agressão. Em seguida arrastaram Felippe R. de Carvalho pela rua à fora, intimidando-o a embarcar à força, expulsando-o da cidade. O humilde pregador continuou o seu trabalho, apesar das dificuldades que enfrentou para estabelecer o novo campo missionário de Cataguases, sendo seu trabalho reconhecido em todo o território nacional e da 4ª Região Eclesiástica.
BIBLIOGRAFIA:
BARBOSA, José Carlos. Salvar e educar: o metodismo no Brasil do século XIX. Piracicaba: Cepeme, 2005.
EXPOSITOR CRISTÃO. “O cristianismo metodista no Brasil”. São Paulo, maio de 1940.
KENNEDY, James L. Cincoenta annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista, 1928.
MOURA, Epaminondas. O cristianismo metodista no Brasil. Cataguases-MG, Texto não publicado.
A incursão do metodismo em Cataguases é admitida com a primeira visita do pastor Felippe R. de Carvalho à cidade, fato ocorrido aos 9 de fevereiro de 1894. No entanto, essa incursão do metodismo em Cataguases tem conexões com o metodismo de Ubá. Segundo José Carlos Barbosa, “a decisão de abrir trabalho metodista em Cataguases foi tomada na Conferência Distrital de Minas, realizada em Ubá entre os dias 11 a 13 de janeiro de 1894”, Coube ao presidente da Conferência, Rev. E. A. Tilly decidir sobre a ocupação imediata ou não do novo campo, assim como a designação de um pastor.
Conforme o histórico da igreja local – “O Cristianismo Metodista no Brasil” – elaborado pelo Rev. Epaminondas Moura, o qual enviou também itens do histórico da igreja local ao Expositor Cristão (1940),
“Felippe R. de Carvalho chegou pela primeira vez a Cataguases, levando algumas Bíblias para vender sem conhecer pessoa alguma, sem outra direção, a não ser a da providência divina. O sr. José Fernandes Sucasas trabalhava no seu ofício, como de costume; e morava no antigo prédio, onde hoje [1940] se acha o jardim da estação da Leopoldina. Certo dia (talvez 9 de fevereiro), ao olhar despreocupado para a rua viu passando pela calçada um moço magro, moreno, simpático, humilde, levando um amarrado de livros na mão; e, instintivamente, chamou o viajante, sem saber quem era e lhe perguntou":
– “Que livros são estes que o senhor leva aí?”
– “São Bíblias”, respondeu o desconhecido, notando que o alfaiate falava alto (o sr. Sucasas sempre teve o timbre de voz muito forte).
– “Bíblias? Para que anda o senhor com estes livros?” perguntou o sr. Sucasas.
– “Para vender!” Foi a resposta que ouviu do vendedor.
– “Quem é o senhor?”
– “Eu sou pastor da Igreja Metodista”, respondeu o desconhecido começando a dar o seu testemunho.
– “Mas que é que o senhor anda fazendo por aqui?”
– “Eu venho a esta cidade para ver se consigo com o auxílio de Deus abrir um trabalho evangélico”.
– “Como se chama o senhor?”
– “Felippe de Carvalho, seu criado”.
– Faça o favor de entrar, eu desejo muito comprar uma Bíblia em português, falou o sr. Sucasas, mostrando atenção.
– “Pois eu estou aqui para vendê-las” respondeu o jovem pastor, entrando e sentindo certo ânimo. Nisto o sr. Sucasas pegou em um dos seus livros e perguntou:
– “Quanto custa uma dessas?”
– “Apenas 1$500, pode abrir e examinar”.
– “Só 1$500,? Então dê-me duas! E aqui estão 3$000!”
Após alguns instantes de conversa, Felippe saiu da casa do sr. Sucasas ganhando as ruas de Cataguases, oferecendo e vendendo exemplares da Bíblia, nos mesmos moldes dos colportores-missionários Daniel Parish Kidder e Hugle Clarence Tucker. Não tardou e Felippe R. de Carvalho alugou uma sala, no intuito de instalar um ponto de referência (um ponto de pregação) para reunir os ouvintes do Evangelho. Narra-se que de fevereiro a maio de 1894, o rev. Felippe passou conversando com as pessoas da cidade, “visitando as famílias e vendendo livros”. Em seguida, resolveu buscar sua família que estava instalada, supõe-se, em Juiz de Fora ou Rio Novo.
É muito comentada a predileção de Felippe R. de Carvalho pela data de 13 de maio; é, portanto, em 13 de maio de 1894 que se inaugura o salão de cultos em Cataguases. No domingo seguinte (20 de maio de 1894), o salão foi invadido por um grupo de fiéis católicos, incitados, conforme as narrativas históricas do Rev. Epaminondas Moura, pelo monsenhor Araújo, vigário paroquial local. A turba agitada, composta por cerca de 50 pessoas, entrou no templo gritando – Fora o protestante, fora o protestante! – e então um dos agitadores “deu uma terrível chibatada no irmão Júlio Lopes”. Já houve quem defendesse que a chibatada foi dada em direção da esposa do Rev. Felippe, a qual estava em vésperas de dar a luz, e que o irmão Júlio Lopes entrou na frente no intuito de protegê-la da agressão. Em seguida arrastaram Felippe R. de Carvalho pela rua à fora, intimidando-o a embarcar à força, expulsando-o da cidade. O humilde pregador continuou o seu trabalho, apesar das dificuldades que enfrentou para estabelecer o novo campo missionário de Cataguases, sendo seu trabalho reconhecido em todo o território nacional e da 4ª Região Eclesiástica.
BIBLIOGRAFIA:
BARBOSA, José Carlos. Salvar e educar: o metodismo no Brasil do século XIX. Piracicaba: Cepeme, 2005.
EXPOSITOR CRISTÃO. “O cristianismo metodista no Brasil”. São Paulo, maio de 1940.
KENNEDY, James L. Cincoenta annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista, 1928.
MOURA, Epaminondas. O cristianismo metodista no Brasil. Cataguases-MG, Texto não publicado.
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