quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A INSERÇÃO DO METODISMO EM SANTA LUZIA DO CARANGOLA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRESENÇA METODISTA EM CARANGOLA E REGIÃO

O metodismo chegou à Carangola através do trabalho metodista estabelecido em Faria Lemos. Há, portanto, um vínculo histórico e missionário existente entre essas cidades e suas ações em prol do anúncio do Evangelho. Apesar disso, o metodismo carangolense ainda não foi suficientemente pesquisado, especialmente no que tange a formação do primeiro núcleo missionário metodista na cidade.

Com o propósito de promover o conhecimento das nossas origens e fortalecimento da nossa identidade metodista, sugerimos a leitura do trabalho de conclusão de curso de Josny Batista Veloso, Bacharel em Teologia pela FaTeo (Faculdade de Teologia da Igreja Metodista), UMESP, 2004, que pode servir de parâmetro para novas pesquisas – “O metodismo na Zona da Mata mineira e Vale do Rio Doce: enfoque histórico com atenção especial à Igreja Metodista em Carangola”.

A investigação e o desenvolvimento de pesquisas nos jornais mais antigos da região, arquivos públicos municipais, acervos privados e outros órgãos que detenham informações, constituiria uma contribuição ímpar ao metodismo da Zona da Mata. Em continuidade ao nosso trabalho queremos, num primeiro momento, considerar algumas hipóteses sobre os primórdios do metodismo em Carangola. Num segundo momento, mencionaremos alguns elementos sobre o encetamentamento da missão na cidade.


Hipótese sobre os primórdios do metodismo em Carangola

A criação do trabalho metodista em Carangola está vinculada, sem dúvida, ao trabalho metodista de Faria Lemos. A propósito, o metodismo de Faria Lemos é o mais antigo do Vale do Carangola. A Igreja Metodista em Carangola era, por sua vez, uma congregação de Faria Lemos, que alcançou importância no Circuito muito cedo.

Uma das poucas informações fundamentais sobre os primórdios do metodismo em Carangola é a que toca na figura do seu fundador, reverendo Victorino Gonçalves (Cf. VELOSO, 2004, p.48). Corrobora, com esta informação, uma nota histórica publicada no Diálogo Pastoral em outubro de 2005: “A Igreja Metodista em Carangola, MG, em seus primórdios, era congregação do circuito de Faria Lemos, atendida pelo Rev. Vitorino [Victorino] Gonçalves (Cf. Diálogo Pastoral, nº 274, p.9).

Nesse primeiro momento, o trabalho metodista em Carangola não era regular, uma vez que era apenas um ponto do Circuito de Faria Lemos. Como aconteceu em muitos outros lugares, só podemos afirmar que o trabalho nascente era assistido pelo pastor responsável pelo trabalho em Faria Lemos. De qualquer forma, para fins de aprofundamento em pesquisas sobre o metodismo em Carangola, cabe ressaltar que Victorino Gonçalves atendeu o Circuito de Faria Lemos de meado de 1901 até meado de 1903 (Cf. Kennedy, 1928, p.111 e Rocha, 1967, p.189).

Leon Everett Strunk liga a fundação do trabalho metodista em Carangola ao de Faria Lemos; e o de Faria Lemos ao de Dr. Astolfo, hoje Caiapó (Strunk, 1968, p.18). Leon Everett Strunk lembra que Muriaé aparece citada como pertencendo à paróquia de Carangola em 1903, sendo pastor o rev. J. Floriano Martins, conforme Leon Everett Strunk, citando o “Atas e Documentos” de 30/07/1903 (Strunk, 1968, p.10).

O encetamento da missão metodista em Carangola

A inserção ou encetamento da missão metodista em Carangola passou por estágios que favoreceram a solidificação do metodismo nesta cidade e região: 1º estágio – criação do trabalho, com Victorino Gonçalves; 2º estágio – consolidação do trabalho, com Antônio Patrício Fraga.

A Igreja Metodista em Carangola atribui o início do trabalho ao “empenho do Sr. Licurgo Faria e familiares”. Tal família era oriunda do presbiterianismo. Conforme testemunho histórico local, num informativo da celebração dos 80 anos do metodismo em Carangola, a família Faria incentivou algumas famílias metodistas que já residiam na cidade a se reunirem num casarão à rua Pedro de Oliveira (no centro da cidade), a qual se chamava antes rua “15 de Novembro”. É provável que essa seja uma referência ao 2º estágio da fundação do metodismo em Carangola.

Conforme Josny Batista Veloso, Carangola passou a ser sede do Circuito no ano de 1913, sendo pastoreada pelo rev. Antônio Patrício Fraga (Veloso, 2004, p.48). Josny Batista Veloso atribui a Antônio Patrício Fraga a fundação da Igreja Metodista em Carangola. Certamente, Veloso está se referindo à organização da Igreja, e não à criação do ponto missionário ou congregação, que foi com Victorino Gonçalves.

A assistência do pregador ou pastor local a vários núcleos metodistas, especialmente ao trabalho de Muriaé e de Carangola, como indicou Leon Everett Strunk na sua narrativa (Strunk, 1968, p.10), pode ter favorecido a transferência da sede da paróquia de Faria Lemos para Carangola, uma vez que o trabalho de Faria Lemos tinha inicialmente, ao que parece, suas bases missionárias em Cafarnaum, zona rural de Faria Lemos.

Por fim, o marco histórico da organização da Igreja Metodista em Carangola é o dia 13 de novembro de 1921, como lembra James L. Kennedy, em seus extratos históricos sobre a Conferência de 1921 – 36ª Sessão: “A 13 de novembro, foi organizada a Egreja de Santa Luzia de Carangola, com 65 membros. Foi ahi organizada também uma Sociedade de Senhoras” (Cf. Kennedy, 1928, p.162).


Considerações Finais

A inserção do metodismo em Carangola só será mais bem narrada se, ao lado da história eclesial, considerar-se o contexto histórico da cidade. Infelizmente, nosso espaço nessa página não nos dá possibilidade de ir além do que pudemos oferecer. Neste aspecto, sugerimos novamente a leitura do trabalho de Josny Batista Veloso.

Há que se reconhecer que falta um embasamento documental mais amplo para afirmar que já havia um trabalho missionário implantado pontualmente em 1903 na cidade de Carangola. No entanto, há indícios incontestáveis para fomentar uma pesquisa mais abrangente sobre a inserção do metodismo em Carangola e cercanias.


BIBLIOGRAFIA:

IGREJA METODISTA EM CARANGOLA. Diálogo Pastoral. Belo Horizonte, 2005. v. 22, n. 274.
KENNEDY, James L. Cincoenta annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista, 1928.
ROCHA, Isnard. Pioneiros e bandeirantes do metodismo no Brasil. São Bernardo do Campo: Imprensa Metodista, 1967.
STRUNK, Leon Everett. Sinopse: 66 anos de metodismo em Muriaé. Muriaé-MG, 18p. Trabalho não publicado.
VELOSO, Josny Batista. O metodismo na Zona da Mata mineira e Vale do Rio Doce: enfoque histórico com atenção especial à Igreja Metodista em Carangola. São Bernardo do Campo: 2004, 90p. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Metodista de São Paulo, SBC, SP, 2004.

QUELUZ – “UM PUXADO DO CIRCUITO DE SABARÁ E DA MISSÃO DE BELO HORIZONTE”: A PRESENÇA METODISTA EM CONSELHEIRO LAFAIETE

A incursão do metodismo em Conselheiro Lafaiete é decorrente do estabelecimento do pastor João Evangelista Tavares na cidade. É oportuno comentarmos um pouco sobre quem foi esse pregador, em seguida descrevermos as considerações sobre a presença metodista em Conselheiro Lafaiete, como propomos. Natural de Juiz de Fora, Tavares teve uma infância muito pobre. Com 21 anos foi para o Granbery, onde se preparou para fazer frente aos cursos que viriam depois. Começou a carreira ministerial em 1890, quando a Conferência Anual Brasileira o recebeu em experiência. João E. Tavares foi um dos pastores nacionais que mais tempo serviu a Missão Metodista no Brasil: ele foi o primeiro pastor, entre missionários e nacionais, a atingir 40 anos de ministério na ativa.

Muitos campos missionários metodista parecem ter sido abertos por causa do estabelecimento de um pastor. Como poderá ser visto, a antiga cidade de Queluz (MG), anteriormente chamada “Real Villa de Queluz” e atualmente Conselheiro Lafaiete não foi historicamente um alvo efetivo da atuação missionária metodista. João E. Tavares, conforme registro no Expositor Cristão, “só se estabeleceu no local por causa da sua precária saúde e por causa da salubridade do lugar” (EXPOSITOR CRISTÃO, 14/12/1895, p. 4. citado por BARBOSA, p. 214.). Neste mesmo jornal, uma nota comenta sobre os ares de Queluz e Barbacena, que mereciam a pena de um Gonçalves Dias – “quase bastam para por vida num morto” (Ibidem).

A ação missionária metodista em Conselheiro Lafaiete, segundo comenta John William Tarboux em seu relatório, foi desenvolvida como “um puxado do circuito de Sabará e da missão de Belo Horizonte” (BARBOSA, p. 214. e EXPOSITOR CRISTÃO, 14/12/1895, p. 4.). Isso acentua o caráter provisório da missão, tornando flagrante que a presença metodista na cidade se devia a estadia de um pregador ali. Num aspecto geral, a presença pastoral de João E. Tavares é que determinava a possibilidade de um ação missionária da Igreja Metodista. É fundamental lembrarmos que ainda não foi possível pontuar com exatidão quando Tavares se estabeleceu em Queluz (MG). Há indícios de que tenha sido no final de 1895 ou no início de 1896, o que certamente carece de ser confirmado.

Ao que parece, John William Tarboux, presbítero presidente do Distrito de Minas, esteve realizando trabalhos de evangelização [em Queluz ou Lafayette], ao lado do Rev. João E. Tavares” (BARBOSA, p. 214.). José Carlos Barbosa, em sua narrativa, faz uma indicação pontual interessante: “até que havia um grupo de interessados. Com a mudança do Rev. João E. Tavares, praticamente desapareceu a presença metodista na cidade” (BARBOSA, 2005, p. 214.). Conforme se tem notícia, ele foi designado pela Conferência Annual (1896) para Ouro Preto. A 11ª sessão da Conferência, realizada em Juiz de Fora, em 23 de julho de 1896, registra esse fato.

Um dos registros alusivo à Queluz, elaborado por João E. Tavares, é o que toca a boa vontade do povo, embora não tenha encontrado muitos crentes. A simpatia do povo era um atrativo, além do aspecto referente à salubridade do lugar, tornando o local, como chamou o próprio pregador, um lugar abençoado – “o único lugar em que me tenho dado esplendidamente é neste Queluz abençoado”. Tavares entendia que a sua mudança para Ouro Preto era provisória e temporária, assim como sua transferência era temerária. O desalento do Rev. Tarboux com Lafayette era devido a característica provisória da missão na cidade, dependente da precária saúde do Rev. Tavares e da possibilidade ou não de mantê-lo ali, como foi explicitado acima.

José Carlos Barbosa relembra que “apesar da nomeação, somente no final do de 1896 é que ele toma a decisão de alugar uma residência no seu novo campo de trabalho”. Mas, a insistência de João E. Tavares com Lafayette é flagrante na história do metodismo na cidade. Nomeado para Belo Horizonte, João E. Tavares deu novo impulso ao trabalho no Circuito de Sabará e da Missão de Belo Horizonte, o que obviamente incluía a cidade de Lafayette. É sob seu pastorado também que se planejou a construção do novo templo em Belo Horizonte.

A ação missionária concretizada no Circuito de Belo Horizonte nos anos conseguintes foi sonhada no pastorado de João E. Tavares. Em 1897, no pastorado do Rev. R. C. Dickson, “um bom amigo da causa” doou um terreno para a construção da Igreja Metodista em Belo Horizonte (BARBOSA, p. 154.). No ano conseguinte, a Conferência Anual da Igreja Metodista (1898), realizada em Piracicaba, nomeou novamente o Rev. Tavares, substituindo o Rev. Dickson. Conforme se tem notícia, “o primeiro projeto a surgir na mente do Rev. Tavares foi a construção do templo” (BARBOSA, p. 156.). No entanto, João Evangelista Tavares nunca esqueceu de Lafayette. No ano de 1898, o Rev. João E. Tavares retomou a pregação do Evangelho em Lafayette, assim como esteve pregando em Sete Lagoas (KENNEDY, p. 95.). Mas tarde surge notícia de como o campo de trabalho de João E. Tavares havia aumentado, dividindo-se em pequenos núcleos em lugares como Sabará, Lafayette, Ouro Preto, Miguel Burnier e Rodrigo Silva. Neste último, embora residisse apenas um membro na localidade, Tavares estendia sua assistência a todos, percorrendo todo o Circuito. Como o próprio obreiro lembrou, tendo ainda convite para pregar em Morro Velho, intentando visitar o trabalho em Neves.

Como em Belo Horizonte, a realização das reuniões em Lafayette, no início, não eram regulares. Mesmo assim, surgia ali uma congregação com uma estrutura, embora simples, muito acolhedora e excepcional no que tangia ao trato com o pregador. A insistência de João E. Tavares e o esforço para desenvolver um trabalho regular em Lafayette são lembradas nas páginas do Expositor Cristão, no final do século XIX e, pontualmente, no início do século XX, numa reportagem datada de 1 de fevereiro de 1901. Em seguida, o trabalho aparece figurando como pertencente ao Circuito denominado de “Belo Horizonte e Ouro Preto”, antes reconhecido como Circuito de Sabará e Missão de Belo Horizonte (BARBOSA, p. 214. Veja também EXPOSITOR CRISTÃO, 14/12/1895, p. 4.).

Conselheiro Lafaiete, como pode ser visto, não foi inóspita ao Evangelho historicamente, embora os pregadores e missionários tenham enfrentado e enfrentam até hoje dificuldades de ampliar a visibilidade missionária e alargar as tendas do Evangelho na cidade. A comunidade metodista na cidade reconhece a data histórica de 17 de setembro de 1900 como a de inauguração do trabalho regular. A presença de João Evangelista Tavares, como morador e pregador incansável interessado no desenvolvimento de um núcleo missionário na cidade é uma das recordações históricas mais vívidas e importantes da inserção do metodismo em Queluz de Minas.


BIBLIOGRAFIA:

BARBOSA, José Carlos. Salvar e educar: o metodismo no Brasil do século XIX. Piracicaba: CEPEME, 2005.
KENNEDY, James L. Cincoenta annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista, 1928.
MEMORIAL DO CENTENÁRIO – Igreja Metodista em Conselheiro Lafaiete 1900-2000. Conselheiro Lafaiete-MG: Texto não publicado.
ROCHA, Isnard. Pioneiros e bandeirantes do metodismo no Brasil. São Bernardo do Campo: Imprensa Metodista, 1967.

A INCURSÃO DO METODISMO EM BARBACENA E A IDÉIA DE CRIAR UMA UNIVERSIDADE

O metodismo iniciou trabalho missionário em Barbacena em setembro de 1895. Conforme James L. Kennedy, o trabalho foi criado pelo rev. J. W. Tarboux, o então p. p. do Distrito de Minas. Em seguida, o rev. W. B. Lee, recém-chegado ao Brasil, foi nomeado para o cargo pastoral do novo campo missionário. Como veremos em seguida, muitas situações novas surgem no contexto do desenvolvimento da missão da Igreja Metodista Episcopal do Sul no Brasil. A decisão de implantar o metodismo em Barbacena é uma das decisões pontuais da Igreja e de seus dirigentes.

José Carlos Barbosa lembra que “a decisão de abrir trabalho metodista em Barbacena foi tomada na Conferência Distrital de Minas, realizada em Juiz de Fora, entre os dias 17 a 19 de janeiro de 1895”. A propósito, neste mesmo ano de 1895, a Igreja Metodista em Juiz de Fora, consagrava a Deus o seu templo, contando com o rev. J. W. Tarboux na direção da igreja local e com a visita do Bispo Granbery, que consagrou o referido templo. Como pode ser lembrado também, o Bispo John C. Granbery foi superintendente da Missão brasileira por vários anos, tendo visitado o Brasil em 1886, quando se organizou a Conferência Anual Brasileira, em 1888, em 1890 e em 1895. A Igreja brasileira o homenageou dando o seu nome ao primeiro educandário (estabelecimento de ensino) metodista de Minas Gerais.

Na sessão da Conferência Anual (1895), no dia 29 de julho, “o rev. J. L. Kennedy apresentou relatório sobre sua viagem missionária ao interior do Estado de São Paulo e disse que uma porta tinha sido fechada para ele (a área da educação) e que a Providência divina estava lhe indicando outro campo de trabalho”. Isso fazia surgir animada discussão entre os conferencistas a respeito da jurisdição territorial. A idéia que pairava naquele contexto era de que as igrejas protestantes, especialmente a metodista e a presbiteriana, deviam evitar evangelizar a localidade onde uma já estivesse presente desenvolvendo algum trabalho missionário.

Como está registrado, na Conferência Distrital de Minas, o relatório da comissão sobre novas missões no Distrito recomendou à Conferência Anual Brasileira a necessidade de abrir a nova missão, indicando que cabia estudo imediato sobre o início da missão em Barbacena ou não. José Carlos Barbosa lembra que pelo fato de não haver “pastores disponíveis, somente na Conferência Anual é que foi referendada a decisão de abertura do novo ponto missionário. Cabe registrar ainda que foi o Bispo Granbery quem nomeou o rev. William B. Lee para o cargo pastoral de Barbacena, antes de sua partida para os EUA (Citado do Expositor Cristão, 31/08/1895, p.3.).

O próprio rev. Lee informa em carta ao Expositor Cristão sobre o início do trabalho:

“De Juiz de Fora chegou o Sr. Tarboux no sábado, 14 do corrente (setembro) para dar começo ao nosso trabalho evangélico nesta cidade de Barbacena. No dia da sua chegada tivemos pouco tempo para espalhar a notícia dos cultos, porém publicou-se na Folha de Barbacena reuniões para o domingo ao meio dia, como também às 7 horas da noite. No domingo de manhã andamos espalhando exemplares do tratado do irmão Tarboux, ‘Ao respeitável Povo do Brasil’. No primeiro culto arranjou-se a sala com assentos para 42 pessoas. Porém houve uma assistência, número contado, de 70 pessoas, havendo um bom número de estudantes das diversas escolas da cidade, não podendo eles voltar de noite. Para o culto da noite esperava-se número maior de modo que colocou-se na sala todas as cadeiras da nossa casa. Mas atualmente só assistiram umas 65 pessoas. Porém a congregação da noite nos deu maior esperança visto que todos ficaram por todo o culto prestando muita atenção ao sermão.

O rev. John W. Tarboux revelou-se muito otimista e confiante no trabalho que se iniciava. A avaliação dele era proveniente da atenção e apreciação que experimentou. O missionário comenta em seguida o trabalho realizado em Barbacena, avaliando a casa e as condições do novo campo: a casa que o irmão Lee escolheu é boa, ampla e bem localizada, com uma sala bonita. Na sala das casas é que os missionários acolhiam os ouvintes do Evangelho que concorriam para ouvir a pregação. No final, Tarboux tece uma palavra carinhosa ao missionário e ao povo de Barbacena: “Que Deus abençoe muito o trabalho neste novo campo e ajude o irmão Lee a ficar mestre do português e dos corações do bom povo de Barbacena em bem pouco tempo”.

Conforme se tem notícia, no ano seguinte o rev. William B. Lee principiou a pregação em português. O rev. John W. Tarboux mais uma vez elaborou palavras de apreço ao missionário W. B. Lee e ao povo da cidade: “Ele tem de ser feliz, por força, com uma congregação tão polida, tão atenciosa, tão inteligente como é a de Barbacena. Que nosso Deus e Salvador abençoe sempre ao pregador e ao povo! Que o Espírito Santo ilumine os seus corações e que haja muitas almas convertidas a Jesus entre aquele povo (Citado do Expositor Cristão, 27/06/1896, p.3.).

Uma das últimas boas intenções do rev. John W. Tarboux para com Barbacena foi o estímulo ao projeto de uma universidade metodista. Ele acreditava profundamente na importância do trabalho educacional desenvolvido pela Igreja. Na verdade, os esforços mais sérios em prol de tal projeto começaram em 1893, perdurando por vários anos. Conforme José Carlos Barbosa, a “Folha de Barbacena”, jornal local, comentou de forma apreciativa as visitas do Bispo Charles B. Galloway e do rev. John W. Tarboux para tratar do assunto. O clima propício, se comparado ao clima da terra de origem dos missionários, parecia influenciar bastante na escolha em se estabelecer uma universidade metodista na cidade, especialmente porque Alexander Von Humbolt e inúmeros outros viajantes europeus, além de diversos pastores metodistas terem exaltado a salubridade de Barbacena. O jornal local aludiu reverentemente a visita do Bispo Galloway e da reunião que se realizou na casa do missionário W. B. Lee, tendo se juntando ali vários representantes da Câmara Municipal e de diversas classes sociais para ouvir o hóspede (missionário Lee). Infelizmente o projeto para a criação da univesidade não vingou, mas a missão reconheceu a cidade como um espaço missionário de elevada importância.



BIBLIOGRAFIA:

BARBOSA, José Carlos. Salvar e educar: o metodismo no Brasil do século XIX. Piracicaba: CEPEME, 2005.
KENNEDY, James L. Cincoenta annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista, 1928.
ROCHA, Isnard. Pioneiros e bandeirantes do metodismo no Brasil. São Bernardo do Campo: Imprensa Metodista, 1967.