Infelizmente nossas igrejas locais têm pouco conhecimento da própria história, o que constitui um desafio levantar dados tão específicos, assim como dialogarmos sobre a História da Inserção do Metodismo em Minas Gerais. Seria indispensável para um trabalho mais promissor conseguirmos organizar um ministério preocupado com a História e a Memória da Igreja para facilitar o resgate da nossa herança metodista e wesleyana.
Elegemos abordar nesta página a história da presença metodista no pequeno arraial de Venda Nova, o qual conta com uma história missionária oriunda do século XIX, descoberta recentemente por José Carlos Barbosa. Até então, poucos sabiam que o arraial de Venda Nova foi alvo efetivo da atuação missionária, decorrente da chegada do metodismo à cidade de Sabará e à pequena freguesia de Belo Horizonte [naquela época conhecida apenas como Curral Del Rei].
Buscaremos, assim, descrever uma narrativa sobre a presença metodista em Venda Nova a partir da conversão de Cândido Mendes de Magalhães, considerando quem foram os ministros que lhe anunciaram o Evangelho e as verdades bíblicas, levando-o a ser um cristão professo na fé metodista. Conseqüentemente, conheceremos um pouco sobre a incursão do metodismo em Venda Nova, no desfecho do século XIX.
A história da experiência de conversão de Cândido Mendes de Magalhães é um dos relatos mais convictos que lemos nas páginas do Expositor Cristão, especialmente no contexto do século XIX. Na opinião de José Carlos Barbosa, a experiência de Cândido Mendes de Magalhães “descreve um itinerário bastante freqüente entre os que adotavam o protestantismo” (Cf. BARBOSA, p.228.).
Conforme José Carlos Barbosa, Cândido Mendes de Magalhães exercia o ofício de carpinteiro e era católico. Segundo o autor, por vinte e quatro anos lutou contra a própria ignorância (Cf. BARBOSA, p.228.). Tinha um imenso interesse por conhecer as Escrituras Sagradas, busca que o levou ao conhecimento mais abrangente da fé cristã.
No testemunho de sua conversão publicado no Expositor Cristão, o carpinteiro ponderou sobre a dificuldade e proibição de acesso que o povo tinha à Palavra de Deus: “Ouvia falar da Escritura Sagrada proibida pela Igreja e ficava pensativo, pois o que é sagrado é proibido? O que é de Deus é proibido?” (Expositor Cristão, 16/05/1896, p.2.).
Deus, na sua infinita misericórdia, visitou o irmão Cândido Mendes de Magalhães, derramando suas bênçãos sobre sua vida, fazendo-o conhecedor de suas revelações e, conseqüentemente, das verdades cristãs. Tendo procurado assistência espiritual de um padre, com a reputação de sábio, não encontrou solução para seus dilemas de fé. Essas e outras coisas contribuíram para que o irmão Cândido começasse a examinar os abusos que se davam na Igreja (Expositor Cristão, 16/05/1896, p.2.).
Pretendendo ir ao Rio de Janeiro ouvir a pregação do Evangelho pelos ministros que ouvia dizer que lá havia, soube que em Sabará, a 18 quilômetros de sua residência (Belo Horizonte), havia pregadores do Evangelho. Continuamos a narrativa da experiência utilizando as palavras do irmão, registradas no Expositor Cristão:
“Preparava-me para procurá-los quando Deus trouxe à minha casa pela primeira vez os irmãos Ministros Srs. Cardoso e Bruce (...) e algum tempo mais tarde o zeloso irmão Cardoso conseguiu arranjar uma sala onde pregou três vezes, as primeiras que pude ouvir, sendo que já, nessa ocasião, possuía a Bíblia que o mesmo zeloso irmão me fornecera, bem como a outras pessoas” (Cf. Expositor Cristão, 16/05/1896, p.2.).
A conversão de Cândido Mendes de Magalhães ocorria paulatinamente, à medida que ia lendo e meditando na Palavra e no auxílio que o irmão Cardoso lhe prestava. Nesse meio tempo, o carpinteiro Cândido compreendeu as razões da negação da Igreja de Roma pela Escritura Sagrada. O irmão tomou direção mais segura na caminhada de fé, rompendo de vez com o erro, fazendo profissão de fé depois da 4ª pregação que viu e ouviu realizando no ensino de Jeremias – “Vós me buscareis e me achareis...” (Expositor Cristão, 16/05/1896, p.2.).
Como temos lembrança, a visita do Rev. J. L. Bruce, feita na companhia do Rev. Antônio Cardoso da Fonseca, à Belo Horizonte é o primeiro registro histórico de um contato com a cidade, ocorrido em maio de 1892. Conforme se tem notícia, não foi uma visita bem sucedida. Noutra ocasião lembramos que na primeira visita dos Revs Bruce e Cardoso, o Padre Marcelo promoveu um levante, “insuflando a população no combate aos pregadores”. Mesmo assim, o Evangelho encontrou boa acolhida em Venda Nova, mesmo tendo encontrado ali expressões do zelo católico também, tendo o tentador utilizado a pessoa de “um tal mestre Quinca que a fina força queria perturbar a pregação (...)” e a ordem na casa que conseguiram alugar.
Contudo há garantia por parte de João Evangelista Tavares que em Venda Nova sempre houve boa acolhida ao Evangelho e aos ministros protestantes. Resta considerar que Venda Nova era apenas um arraial de Curral Del Rey e parte integrante da freguesia, como até hoje é parte de Belo horizonte. Mas falar de Venda Nova naquela época era falar de um arraial (uma localidade). Basta conferirmos as palavras de João Evangelista Tavares: “No dia 25 (abril) seguimos para Venda Nova, pequeno arraial a 25 léguas da nova capital e lugar da residência do Sr. Cândido Mendes de Magalhães, um dos mais fiéis crentes e membros da nossa Igreja” (Expositor Cristão, 09/05/1896, p.1.).
À modo de conclusão, lembramos que “o carpinteiro Cândido Mendes de Magalhães foi o primeiro metodista de Venda Nova, convertido durante o período em que morava em Belo Horizonte e fruto do trabalho evangelístico realizado por J. L. Bruce e A. Cardoso da Fonseca” (Cf. BARBOSA, p.227.). O testemunho de João E. Tavares assinala o zelo e compromisso do irmão Cândido Mendes de Magalhães, representante fido da memória e da presença metodista que se conservou fiel à sua profissão de fé, sonhando com um tempo em que poderia fundar ali uma congregação regular para a proclamação da Palavra de Deus que um dia o levou a trilhar o caminho da salvação plena.
BIBLIOGRAFIA:
BARBOSA, José Carlos. Salvar e educar: o metodismo no Brasil do século XIX. Piracicaba: Cepeme, 2005.
EXPOSITOR CRISTÃO. São Paulo, 1896.
KENNEDY, James L. Cincoenta annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista, 1928.
Elegemos abordar nesta página a história da presença metodista no pequeno arraial de Venda Nova, o qual conta com uma história missionária oriunda do século XIX, descoberta recentemente por José Carlos Barbosa. Até então, poucos sabiam que o arraial de Venda Nova foi alvo efetivo da atuação missionária, decorrente da chegada do metodismo à cidade de Sabará e à pequena freguesia de Belo Horizonte [naquela época conhecida apenas como Curral Del Rei].
Buscaremos, assim, descrever uma narrativa sobre a presença metodista em Venda Nova a partir da conversão de Cândido Mendes de Magalhães, considerando quem foram os ministros que lhe anunciaram o Evangelho e as verdades bíblicas, levando-o a ser um cristão professo na fé metodista. Conseqüentemente, conheceremos um pouco sobre a incursão do metodismo em Venda Nova, no desfecho do século XIX.
A história da experiência de conversão de Cândido Mendes de Magalhães é um dos relatos mais convictos que lemos nas páginas do Expositor Cristão, especialmente no contexto do século XIX. Na opinião de José Carlos Barbosa, a experiência de Cândido Mendes de Magalhães “descreve um itinerário bastante freqüente entre os que adotavam o protestantismo” (Cf. BARBOSA, p.228.).
Conforme José Carlos Barbosa, Cândido Mendes de Magalhães exercia o ofício de carpinteiro e era católico. Segundo o autor, por vinte e quatro anos lutou contra a própria ignorância (Cf. BARBOSA, p.228.). Tinha um imenso interesse por conhecer as Escrituras Sagradas, busca que o levou ao conhecimento mais abrangente da fé cristã.
No testemunho de sua conversão publicado no Expositor Cristão, o carpinteiro ponderou sobre a dificuldade e proibição de acesso que o povo tinha à Palavra de Deus: “Ouvia falar da Escritura Sagrada proibida pela Igreja e ficava pensativo, pois o que é sagrado é proibido? O que é de Deus é proibido?” (Expositor Cristão, 16/05/1896, p.2.).
Deus, na sua infinita misericórdia, visitou o irmão Cândido Mendes de Magalhães, derramando suas bênçãos sobre sua vida, fazendo-o conhecedor de suas revelações e, conseqüentemente, das verdades cristãs. Tendo procurado assistência espiritual de um padre, com a reputação de sábio, não encontrou solução para seus dilemas de fé. Essas e outras coisas contribuíram para que o irmão Cândido começasse a examinar os abusos que se davam na Igreja (Expositor Cristão, 16/05/1896, p.2.).
Pretendendo ir ao Rio de Janeiro ouvir a pregação do Evangelho pelos ministros que ouvia dizer que lá havia, soube que em Sabará, a 18 quilômetros de sua residência (Belo Horizonte), havia pregadores do Evangelho. Continuamos a narrativa da experiência utilizando as palavras do irmão, registradas no Expositor Cristão:
“Preparava-me para procurá-los quando Deus trouxe à minha casa pela primeira vez os irmãos Ministros Srs. Cardoso e Bruce (...) e algum tempo mais tarde o zeloso irmão Cardoso conseguiu arranjar uma sala onde pregou três vezes, as primeiras que pude ouvir, sendo que já, nessa ocasião, possuía a Bíblia que o mesmo zeloso irmão me fornecera, bem como a outras pessoas” (Cf. Expositor Cristão, 16/05/1896, p.2.).
A conversão de Cândido Mendes de Magalhães ocorria paulatinamente, à medida que ia lendo e meditando na Palavra e no auxílio que o irmão Cardoso lhe prestava. Nesse meio tempo, o carpinteiro Cândido compreendeu as razões da negação da Igreja de Roma pela Escritura Sagrada. O irmão tomou direção mais segura na caminhada de fé, rompendo de vez com o erro, fazendo profissão de fé depois da 4ª pregação que viu e ouviu realizando no ensino de Jeremias – “Vós me buscareis e me achareis...” (Expositor Cristão, 16/05/1896, p.2.).
Como temos lembrança, a visita do Rev. J. L. Bruce, feita na companhia do Rev. Antônio Cardoso da Fonseca, à Belo Horizonte é o primeiro registro histórico de um contato com a cidade, ocorrido em maio de 1892. Conforme se tem notícia, não foi uma visita bem sucedida. Noutra ocasião lembramos que na primeira visita dos Revs Bruce e Cardoso, o Padre Marcelo promoveu um levante, “insuflando a população no combate aos pregadores”. Mesmo assim, o Evangelho encontrou boa acolhida em Venda Nova, mesmo tendo encontrado ali expressões do zelo católico também, tendo o tentador utilizado a pessoa de “um tal mestre Quinca que a fina força queria perturbar a pregação (...)” e a ordem na casa que conseguiram alugar.
Contudo há garantia por parte de João Evangelista Tavares que em Venda Nova sempre houve boa acolhida ao Evangelho e aos ministros protestantes. Resta considerar que Venda Nova era apenas um arraial de Curral Del Rey e parte integrante da freguesia, como até hoje é parte de Belo horizonte. Mas falar de Venda Nova naquela época era falar de um arraial (uma localidade). Basta conferirmos as palavras de João Evangelista Tavares: “No dia 25 (abril) seguimos para Venda Nova, pequeno arraial a 25 léguas da nova capital e lugar da residência do Sr. Cândido Mendes de Magalhães, um dos mais fiéis crentes e membros da nossa Igreja” (Expositor Cristão, 09/05/1896, p.1.).
À modo de conclusão, lembramos que “o carpinteiro Cândido Mendes de Magalhães foi o primeiro metodista de Venda Nova, convertido durante o período em que morava em Belo Horizonte e fruto do trabalho evangelístico realizado por J. L. Bruce e A. Cardoso da Fonseca” (Cf. BARBOSA, p.227.). O testemunho de João E. Tavares assinala o zelo e compromisso do irmão Cândido Mendes de Magalhães, representante fido da memória e da presença metodista que se conservou fiel à sua profissão de fé, sonhando com um tempo em que poderia fundar ali uma congregação regular para a proclamação da Palavra de Deus que um dia o levou a trilhar o caminho da salvação plena.
BIBLIOGRAFIA:
BARBOSA, José Carlos. Salvar e educar: o metodismo no Brasil do século XIX. Piracicaba: Cepeme, 2005.
EXPOSITOR CRISTÃO. São Paulo, 1896.
KENNEDY, James L. Cincoenta annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista, 1928.
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